Confira!
Os estabilizadores estão com os dias contados
Luiza Dalmazo
Você sabe para que existe um estabilizador com a maioria dos PCs? Se já perguntou isso a alguém, provavelmente ouviu que é para corrigir a tensão da rede elétrica para fornecer aos equipamentos uma alimentação estável.
Eu diria que eles não servem para quase nada. Protegem contra pequenos curtos circuitos domésticos, do chuveiro, por exemplo. E só. Tanto que nos Estados Unidos eles nunca existiram.
Se houver uma descarga forte de enrgia na redondeza da sua casa (e o Brasil é o País com mais raios no mundo), o seu micro vai pifar e você nunca mais vai ver a cor de nada do que estava armazenado lá. O seu estabilizador não terá tido utilidade alguma.
Eles são um hábito do brasileiro. Os lojistas empurram o equipamento e algumas vezes até dizem que não vão dar a garantia se o consumidor não tiver o estabilizador.
Para acabar com essa ideia errada, a unidade de tecnologia da Eaton -- empresa com unidades voltadas às indústrias de energia fluida, energia elétrica, de automóveis e de caminhões -- escolheu o Brasil para formar a primeira rede de canais da companhia no mundo para iniciar a comercialização de nobreaks, equipamentos mais modernos que os estabilizadores.
A meta é conquistar parte do mercado das máquinas fornecedoras ininterruptas de energia (uninterruptible power supply – UPS), hoje dominado pela SMS Tecnologia Eletrônica. É um nicho que movimenta 140 milhões de reais no País e que representa uma grande oportunidade, segundo a gerente de vendas para canais da companhia, Márcia Thieme.
A entrada da Eaton no mercado de nobreaks de pequeno porte era previsível. Há dois anos, a companhia mergulhou no nicho de empresas de médio porte, após a compra de uma divisão da MGE Office Protection Systems. Depois, com a aquisição da chinesa Phoenixtec, ficou com o caminho livre para o mercado de consumidores finais, já que completava as ofertas.
Aqui, entretanto, enfrenta a falta de cultura do setor. Poucos brasileiros sabem a função de seus estabilizadores e muito menos pagariam mais caro por nobreaks, porque não sabem o tipo de benefício que um aparelho desses traz. Um estabilizador custa cerca de 40 reais, contra 200 reais de um nobreak. Mas também protegem contra quedas de luz, garantindo a permanência do computador ligado entre 15 e 20 minutos, tempo suficiente para salvar documentos em que a pessoa está trabalhando.
É por isso que Márcia compara o setor com o mercado de seguros há 20 anos. Ninguém tinha seguro em 1980, mas hoje todos têm. ''Quando as pessoas compreenderem o valor de proteger seus dados, também vão investir em nobreaks'', diz.
A estratégia de canais da empresa é diferente das demais. Não haverá distribuidores e o total de revendedores não vai passar de 100. A meta é restringir para poder fidelizar e explicar com cuidado aos parceiros as particularidades de cada equipamento, porque são eles que vão disseminar o conceito e ajudar a mudar a cultura. ''Por isso os resultados vão demorar dois anos para aparecerem.''
Até antes da crise, a expectativa era de que o setor de nobreaks crescesse 11% no Brasil, acelerando a divisão da Eaton com essa especialidade, que previa aumento no resultado de 25%. Agora, tudo está incerto, apesar de o investimento de 10 milhões de reais na preparação de pessoal, sistemas e eventos estar mantido para a formação da rede nacional de canais.
Com a multiplicação do conceito, os estabilizadores devem sair de fininho de cena. Mas não deve ser rápido, até porque os nobreaks representam um aumento de quase 20% no preço de um desktop comum.